Por Joseph Steinberg
New Jersey precisa desesperadamente de programadores COBOL.
É o que o governador do estado, Phil Murphy, aparentemente quis dizer hoje, quando disse em uma entrevista coletiva que o estado precisava de voluntários que, com conhecimentos de informática em “cobalto”, ajudassem a consertar os sistemas de seguro-desemprego com mais de 40 anos que atualmente estão sobrecarregados como resultado de perdas de empregos relacionadas ao COVID-19 (Corona Vírus).
COBOL, para aqueles que não estão familiarizados, é uma linguagem de computador com mais de 60 anos de idade e já foi a base do desenvolvimento de software na indústria e no governo. No final dos anos 80, no entanto, havia se tornado suficientemente obsoleto para que muitas universidades nem sequer o incluíssem em seus currículos de ciências da computação. De fato, embora certamente existam sistemas significativos baseados em COBOL ainda em uso atualmente, relativamente poucos desenvolvedores de software com menos de 50 anos já viram até mesmo uma linha de COBOL. Não é de surpreender que mesmo o governador de 62 anos de Nova Jersey, executivo da Goldman Sachs por décadas, aparentemente não tivesse ouvido seu nome recentemente o suficiente para lembrá-lo corretamente.
O apogeu do COBOL se deu na década de 1970, isso significa que a maioria dos especialistas de COBOL na América provavelmente tem mais de 60 anos – tornando-os significativamente em risco de morte ou perigo pelo COVID-19 – e provavelmente um pouco enferrujado em seu antigo ofício; muitos deles provavelmente não desenvolveram em COBOL desde antes de muitos dos leitores deste artigo nascerem.
O perigo de depender do COBOL, apesar de sua obsolescência, não é uma questão nova.
Quase um quarto de século atrás, no final dos anos 90, como o bug do ano 2000 exigia a atualização de sistemas antiquados baseados em COBOL, muitos especialistas do setor deram o alarme de que o fornecimento de programadores qualificados de COBOL estava diminuindo rapidamente; Na época, alguns programadores de COBOL precisaram ser contratados de sua aposentadoria para realizar reparos relacionados ao ano 2000. Como resultado do que foi aprendido ao lidar com o bug do ano 2000, houve uma aceitação quase universal em toda a indústria do fato de que os muitos sistemas remanescentes baseados em COBOL deveriam ser substituídos o mais rápido possível antes que a manutenção se tornasse um problema grave.
Desde então, muitos outros manifestaram preocupações – inclusive em um relatório do governo intitulado “Agências Federais Precisam Tratar Dos Sistemas Legado Antigos” (Federal Agencies Need to Address Aging Legacy Systems) que foi apresentado ao Comitê do Congresso dos EUA em 2016.
No caso de Nova Jersey, posso mencionar com segurança neste momento que, pouco depois de começar a preencher formulários de imposto de folha de pagamento com o estado em 2005, enviei e-mails para vários escritórios do Estado – e até uma carta física para o governador – que os sistemas com as quais eu estava interagindo, parecia estar usando versões obsoletas de software e continham configurações que poderiam levar a vulnerabilidades de segurança. Alguns desses problemas permaneceram em vigor mais de uma década depois.
A falha em manter os sistemas atualizados não é “acompanhar a tendência”. Hoje, está adiando a compensação do desemprego para um grande número de pessoas que precisam desesperadamente de dinheiro para alimentos e outras necessidades depois de perderem seus empregos devido a quarentena do COVID-19 (Corona Vírus) ordenadas pelo governo. Software desatualizado quase sempre apresenta vários riscos de segurança. E, em um artigo de 2018 intitulado “Por Que Você Não Deve Usar Mais Software Sem Suporte” (Why You Should Not Use Software That Is No Longer Supported), discuti vários outros problemas sérios introduzidos pela utilização de software desatualizado; lembre-se de que o foco dessa peça estava nas organizações que usam a versão obsoleta do Windows, conhecida como Windows XP. COBOL, que é 32 anos mais antigo que o XP, estava obsoleto mesmo antes do XP ser lançado.
Os sistemas de informação de Nova Jersey não se tornaram antiquados por mágica – o governo do estado falhou em mantê-los adequadamente. O governador Murphy prometeu hoje um post-mortem – mas deveríamos ter um há 20 anos atrás, no bug do ano 2000. Desta vez, vamos fazer certo.
Depois que a pandemia do Corona Vírus terminar, vamos renovar os esforços que deveriam ter sido feitos após o bug do ano 2000 e, em todo o país, substituir sistemas desatualizados; precisamos de tecnologia que possa ser adequadamente suportada e protegida. Se esperarmos mais, podemos ter outro desastre – e esse pode ocorrer quando não houver pessoas vivas com a experiência relevante para solucionar os problemas computacionais.
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